A maior e mais antiga: São João de Assú celebra quase 3 séculos de história junina

A cidade de Assú, localizada no interior do Rio Grande do Norte, dá início à sua tradicional celebração junina neste mês de junho. Em 2025, o município comemora a 299ª edição do São João, reconhecido como o mais antigo do mundo ainda em atividade. As festividades começaram neste sábado (14) e seguem ao longo do mês, com uma programação que une fé, cultura popular e apresentações gratuitas.

A origem da festa remonta ao ano de 1726, quando foi realizada como homenagem ao padroeiro da cidade, São João Batista. Desde então, o evento atravessou quase três séculos sem interrupções, se consolidando como um marco histórico e cultural da região.

Em 1997, documentos históricos comprovaram a longevidade da tradição, o que garantiu ao São João de Assú o título de festa junina mais antiga em atividade no mundo. Em reconhecimento à sua importância cultural, o evento também foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do estado do Rio Grande do Norte.

Tradição e modernidade lado a lado

Ao longo dos anos, a festa se transformou em um símbolo da identidade potiguar. A edição de 2025 traz o tema “Berço e Coração da Tradição”, destacando Assú como o local onde a celebração nasceu e continua viva. A proposta é valorizar a herança religiosa e cultural, mas também investir na profissionalização e modernização do evento.

“É fundamental equilibrar tradição e inovação. Precisamos preservar os elementos que nos tornam únicos, mas também qualificar cada vez mais o São João como um evento cultural relevante no país”, afirmou o prefeito Lula Soares.

A programação inclui missas, novenas e procissões, preservando o caráter religioso da festa. Ao mesmo tempo, o calendário é preenchido com apresentações culturais, quadrilhas juninas, grandes shows musicais e o tradicional Auto de São João Batista, um espetáculo teatral que encena a vida do santo e sua relação com a cidade.

O Auto de São João Batista: o coração da festa

Considerado o ponto alto das comemorações, o Auto de São João Batista é uma encenação que mescla teatro, música e dança para contar a chegada da imagem do padroeiro à cidade. Na edição deste ano, o espetáculo “A Chama Sagrada” foi apresentado nos dias 7 e 8 de junho, no Anfiteatro Arcelino Costa Leitão, conhecido localmente como "Buraco do Prefeito".

Com direção de Diana Fontes, texto e trilha de Danilo Guanais e figurinos assinados por Marcos Leonardo, o Auto envolveu 30 artistas locais selecionados por edital público e contou com cerca de 45 dias de ensaios. A apresentação foi gratuita e reforçou o papel do evento como espaço de valorização artística e resgate da memória coletiva.

Segundo Delkiza Cavalcante, secretária municipal de Eventos, o Auto é parte essencial da identidade de Assú. “Mais do que uma festa, o São João de Assú é parte da alma da cidade. Ele reúne fé, cultura e orgulho coletivo. O Auto simboliza isso tudo e dá visibilidade aos nossos artistas locais”, explicou.

Tradição que move a cidade

Com quase três séculos de história, o São João de Assú segue como referência nacional e internacional. A mistura de religiosidade, cultura popular e participação comunitária torna o evento um patrimônio vivo, e um exemplo de como o passado pode ser celebrado com os olhos voltados para o futuro.